A horticultura brasileira apresenta inúmeros desafios e um deles é o cultivo em áreas declivosas. Alguns horticultores cultivam suas terras em regiões de relevo acentuado e têm o desafio de produzir alimentos, preservando os recursos naturais, como solo e água.
Esta é uma realidade de muitas regiões agrícolas, como nas Regiões Serranas do Rio de Janeiro, Espírito Santo, uma parte da Zona da Mata de Minas Gerais. É importante contar com um planejamento a longo prazo, para determinar a sequência na sucessão de cultivos e assim, otimizar ao máximo cada preparo de solo e estação de plantio. Além disso, é fundamental adotar o manejo conservacionista, para evitar maiores perdas de solo, o que afeta diretamente os recursos naturais e o potencial produtivo da área.
Estratégias para amenizar os efeitos do declive e assim diminuir o risco de erosão e perda de solo:
- Cultivar em curvas de nível
Realizar canteiros ou linhas de plantio no sentido das curvas de nível, diminuindo assim a velocidade de escoamento das água de chuva ou mesmo da irrigação por aspersão.
São chamadas de “curvas de nível” a linha formada no terreno por vários pontos que estão em mesma altura. Ou seja, é como se o terreno estivesse sendo desenhado em degraus, com o desenho de acordo com a topografia local. A curva de nível pode ser feita com aparelhos simples como o “nível de mangueira”, por exemplo. Outra forma de determinar as curvas de nível é através de um estudo topométrico do terreno, interessante para áreas extremamente declivosas, de cultivos permanentes e com tráfego de máquinas.
Determinadas as novas linhas de plantio, todos os trabalhos e trânsito de máquinas devem ser neste sentido, seguindo as curvas de nível, inclusive com estradas e caminhos entre os canteiros, se for o caso.
- Adotar o sistema de plantio direto na palha
Ao invés de preparar o solo com canteiros arados e revolvidos mecanicamente, o plantio das mudas e sementes pode ser feito após preparo local, com abertura das covas apenas no ponto exato do plantio. Além disso, o plantio direto favorece a infiltração de água no solo, através dos micro e macroporos do solo, que contribui para diminuição da erosão superficial. Clique aqui e confira uma matéria completa sobre este assunto.
- Rotacionar as espécies cultivadas, com diferentes sistemas radiculares, agregando na construção da estrutura de solo
É interessante cultivar plantas de cobertura de solo entre os períodos de cultivo de hortaliças, para ajudar na fertilidade do solo, através da reciclagem de nutrientes e construção da biota do solo (micro-organismos). Podem ser feitos os cultivos de inverno (aveia, ervilhaca, feijão guandu) e os de verão (sorgo, milheto, tremoço).
Ressaltamos que para cada clima, região cultivada e sistema produtivo é interessante escolher as melhores opções de plantas de cobertura.
De acordo com a Embrapa, a rotação de culturas também é favorável para o controle e manejo de doenças em áreas de produção de hortaliças.
Manejo conservacionista
O manejo conservacionista é recomendado por dezenas de pesquisadores e técnicos, e pode ser adotado tanto em áreas declivosas quanto em áreas mais planas, de relevos menos acentuados.
Neste material da Embrapa é possível entender mais sobre solos, tipos de erosão e como realizar o manejo de forma a conservar o solo.
Nesta animação, desenvolvida pela Embrapa, é possível conferir como realizar o terraceamento em curvas de nível, confira:
Veja como tornar um solo produtivo: