Esta é a segunda matéria sobre flores alimentícias, onde iremos responder as dúvidas que recebemos dos nossos leitores. Boa leitura!
Estou iniciando neste mercado. Como planejar a minha produção?
Selecionamos 4 passos que são fundamentais para um bom planejamento.
1. Pesquisa e escolha das plantas: Espécies e variedades adaptadas ao clima local e que floresçam em diferentes épocas do ano são as mais recomendadas. Não existe uma fórmula única, então experimente e aprenda com sua experiência. Uma boa dica é investir em plantas que florescem nas diferentes estações. Isso garantirá uma produção ao longo de todo ano.
2. Planejamento das mudas: Planeje os manejos relacionados à produção das mudas. incluindo o local de cultivo, recipientes, substratos e ferramentas necessárias. Pense na irrigação, sombreamento e proteção contra o vento. Onde serão feitas as mudas, quais recipientes, substratos e ferramentas serão utilizados.
3. Etapa de transplante e definição do local para cultivo: Decida quando e onde realizar o transplante das mudas para seus locais definitivos. Algumas espécies podem seguir um calendário mensal de renovação, garantindo uma produção constante. Entenda a necessidade de luz, água, nutrientes e demais cuidados com as plantas escolhidas, para otimizar o uso dos espaços disponíveis.
4. Manutenção: Cuide das plantas ao longo do ciclo, ajustando a irrigação, adubação, poda e tratamentos contra pragas, se for o caso. Esteja atento a doenças e infestações de pragas que possam prejudicar a colheita. Se necessário, replante áreas de menor produção.
Como saber se está na hora de transplantar as mudas?
Faça o transplante para o local definitivo quando as mudas estiverem fortes o suficiente, com cerca de 10 a 15 centímetros de altura. Nesta fase as raízes já estarão bem formadas e se beneficiarão de mais espaço para seguir o ciclo.
Quando iniciar a adubação?
Assim que as plantas formam os primeiros botões florais, pode ser aumentada a frequência e a dose de adubos a base de Fósforo, Cálcio e Magnésio, minerais importantes para a formação destas estruturas. Fertilize conforme necessário, seguindo as recomendações específicas para cada tipo de flor.
Dica extra: Remova as ervas daninhas que possam competir com as flores por nutrientes e mantenha o solo/substrato com boa drenagem, evitando doenças de solo e excesso de umidade nos canteiros.
Posso manter as flores em vasos?
Sim, desde que tenha tamanho adequado e condições para bom desenvolvimento das raízes.
Apesar de serem plantas de pequeno porte e demandarem pouco espaço, o ideal é que sejam cultivadas em vasos ou canteiros de pelo menos 25 a 30 cm de profundidade, já que espaços menores podem limitar o desenvolvimento das raízes e consequentemente, da parte aérea, afetando a produção de ramos, folhas, flores.
Como fazer um canteiro para cultivar flores alimentícias?
Faça a análise do solo e corrija a acidez para 5,8 a 6,2, faixa onde a maior parte dos nutrientes serão absorvidos pelas plantas. Retire as pedras e demais materiais grosseiros, nivele o canteiro e faça o plantio conforme o espaçamento indicado para cada espécie.
É importante que o local tenha boa exposição solar, para que as plantas recebam sol pleno.
Conversamos com Sérgio Donófrio, da Calusne, que é uma referência no assunto. A dica dele é investir em diversidade de espécies, para que o mix de flores comercializadas tenha o máximo de tipos de flores, trazendo o colorido na apresentação final.
Para conhecer as principais espécies, leia também a matéria com 11 flores alimentícias para sua produção.
Qual o momento ideal para realizar a colheita?
Algumas espécies já emitem as primeiras flores em poucas semanas, quando em condições ideais. Outras têm o ciclo mais longo e podem levar de 2 a 3 meses para as primeiras produções.
Colha as flores quando estiverem totalmente desenvolvidas, mas antes que comecem a murchar. Uma boa tática é realizar a colheita nas primeiras horas da manhã, quando as flores estão abertas.
Qual o mix ideal de flores para minha produção?
Escolha de acordo com a indicação de espécies mais adaptadas ao clima da sua região, seguindo também a época preferencial de semeio. Vale mesclar plantas anuais e perenes, pensando na questão produtiva, como uma estratégia de mix.
Outra forma é pensar na apresentação final do seu produto e quais serão as características das flores comercializadas. Cores, sabores, texturas e aromas variados podem ter melhor aceitação pelos consumidores.
Como comercializar?
Diferente do mito culinário, as flores comestíveis não são apenas um ornamento, elas trazem uma explosão de sabores e texturas únicos para uma variedade de pratos. Desde saladas frescas até pratos principais elaborados, elas podem ser utilizadas para adicionar um toque refinado e saboroso. Vale provar e conhecer as diferenças e combinações para indicar aos seus clientes.
Dê dicas de consumo aos seus clientes, indicando algumas sugestões para quem irá consumir pela primeira vez.
Saiba mais sobre este assunto no ED. Março 2022 – Guia de Flores Comestíveis Ahorta.pdf, produzido pelo Coletivo de Produtores de Flores Comestíveis BR.
Como consumir?
As pétalas das flores podem ser consumidas frescas, grelhadas, refogadas, assadas, fritas, cristalizadas, prensadas, desidratadas e congeladas. Combinam praticamente com tudo, desde carnes, caldos, saladas, massas, risotos, sobremesas e bebidas. Use a criatividade e explore as diferentes possibilidades.
Para plantas oriundas de floriculturas, sejam mudas ou em tamanho adulto, recomenda-se que descartem as primeiras flores e seja feito o manejo de regas e adubações para colheita da próxima florada. Esta questão é importante para respeitar o período de carência no caso de ter sido utilizado algum produto fitossanitário nestas plantas.
Lembre-se de que o cultivo de flores comestíveis requer um aprendizado contínuo e paciência. A diversificação do seu negócio pode trazer benefícios, mas também exigirá dedicação e tempo para se tornar bem-sucedido.
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