
O pH do solo é um dos fatores mais decisivos na produtividade da rúcula. Quando o solo está muito ácido ou alcalino, a absorção de nutrientes fica comprometida, favorecendo deficiências, toxidez e até o aumento de doenças.
Neste artigo, explicamos como medir o pH da área de plantio, qual a faixa ideal para o cultivo de rúcula e o que fazer para corrigir solos desbalanceados — seja com calagem ou aplicação de enxofre.
Qual é o pH ideal para a rúcula?
A rúcula prefere solos levemente ácidos a neutros, com pH entre 6,0 e 6,8. Nessa faixa, os principais nutrientes — como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio — ficam mais disponíveis para a planta.
Solos fora dessa faixa apresentam os seguintes problemas comuns:
- pH abaixo de 5,5: excesso de alumínio e manganês, baixa disponibilidade de cálcio e fósforo.
- pH acima de 7,0: fósforo, ferro e zinco ficam menos disponíveis, o que prejudica o crescimento inicial.
Como identificar sinais de pH desequilibrado no campo?
Além da análise de solo, o próprio comportamento das plantas pode indicar desequilíbrios:
- Em solos ácidos (pH < 5,5): folhas amareladas (clorose), crescimento lento, raízes curtas e pouco ramificadas, maior sensibilidade a doenças de raiz.
- Em solos alcalinos (pH > 7,0): folhas jovens com clorose internerval (falta de ferro e zinco), mudas que “travam” no desenvolvimento inicial, sintomas de deficiência mesmo com adubação correta.
Esses sinais servem como alerta para que o produtor realize testes rápidos de pH ou encaminhe amostras para análise laboratorial.
Como medir o pH do solo?
A forma mais precisa é com análise laboratorial, mas existem métodos práticos no campo que ajudam a monitorar o pH de forma direta:
- Medição com fita indicadora (papel pH)
- Retire uma amostra composta do solo (10 a 15 subamostras da camada de 0–20 cm).
- Misture com água destilada em proporção 1:1.
- Mergulhe a fita pH e compare a cor com a escala fornecida.
- Ideal para diagnósticos rápidos.
- Medição com kit colorimétrico
- Vem com reagentes e tubos de ensaio.
- Misture o solo com o reagente e observe a cor resultante.
- Fornece maior precisão visual que a fita, ideal para horticultores.
- Medição com pHmetro de campo
- Exige calibração prévia com soluções-tampão.
- Basta inserir o eletrodo úmido no solo umedecido.
- É o método mais preciso disponível fora do laboratório.
Como corrigir o pH do solo?
A correção depende do valor inicial medido:
a) Quando o solo está ácido (pH < 6,0)
Recomenda-se a aplicação de calcário agrícola, em especial calcário dolomítico, que contém cálcio e magnésio.
Como aplicar:
- Faça análise de solo para determinar a necessidade exata em toneladas por hectare.
- Espalhe uniformemente antes do preparo do solo, 30 a 60 dias antes da semeadura.
- Incorpore com grade ou enxada rotativa para melhor eficiência.
b) Quando o solo está alcalino (pH > 6,8)
Usa-se o enxofre elementar ou gesso agrícola, dependendo do objetivo.
- Enxofre elementar: baixa o pH ao ser oxidado por bactérias no solo. Aplicar em doses de até 100 kg/ha, sempre com acompanhamento técnico.
- Gesso agrícola: não altera diretamente o pH, mas melhora o ambiente radicular em subsuperfície. Pode ser útil em solos com compactação e deficiência de cálcio.
Cultivo orgânico: como manejar o pH
No sistema orgânico, o uso de corretivos precisa atender à legislação e às exigências das certificadoras. As principais soluções são:
- Calcário agrícola natural (dolomítico ou calcítico), permitido desde que não contenha aditivos químicos.
- Gesso agrícola de origem natural, aceito para melhorar a subsuperfície e o fornecimento de cálcio.
- Enxofre elementar de grau agrícola, utilizado com cautela e dentro das normas.
Além dos corretivos, o manejo preventivo é fundamental no cultivo orgânico:
- Incorporar composto orgânico bem curtido para estabilizar o pH e aumentar a matéria orgânica.
- Fazer adubação verde (crotalária, mucuna, feijão-de-porco), que melhora a estrutura do solo e reduz variações químicas.
- Adotar rotação de culturas e cobertura permanente do solo, práticas que mantêm a biologia ativa e equilibram naturalmente o ambiente radicular.
- Usar pós de rocha remineralizadores, que fornecem cálcio, magnésio e outros minerais de forma lenta e contínua.
Essas estratégias ajudam a evitar oscilações bruscas no pH e favorecem a nutrição equilibrada da rúcula sem comprometer a certificação orgânica.
Considerações regionais
- Regiões tropicais com solos arenosos tendem a ter pH naturalmente mais ácido. A calagem costuma ser necessária em quase todas as safras.
- Regiões com solos calcários ou irrigação com água rica em bicarbonato (comuns em áreas do semiárido) podem apresentar pH acima de 7,0. Nestes casos, é preciso maior atenção ao manejo com enxofre ou escolha de fertilizantes acidificantes.