As bactérias, fungos e leveduras são os menores seres vivos existentes, mas de grande relevância, especialmente para boas condições do solo e bom desenvolvimento das cultivares. Eles que fazem a decomposição da matéria orgânica, aumentando a fertilidade da terra. Chamados de eficientes por agirem muito rápido, proporcionam uma melhoria nas propriedades químicas, físicas e biológicas do solo e podem garantir uma colheita com excelentes resultados.
Confira o relato de Lidiane Camargo, engenheira-agrônoma e extensionista rural do Epagri de Criciúma-SC, e saiba como é feita a coleta e a produção de composto com microrganismos eficientes:
Passo a passo para coleta:
- Selecione um local de mata nativa: Muito pequenos, os microrganismos são invisíveis a olho nu e encontrados em abundância em regiões de mata. Em aproximadamente 1cm³ de solo existem cerca de 1 milhão deles. Para a coleta, dê preferência a locais sem interferência humana.
- Materiais: Para coletar estes seres é possível utilizar materiais simples, que os produtores encontram em suas casas, como o arroz cozido. Este pode ser branco ou integral (sem sal, pois podem prejudicar o desenvolvimento dos microrganismos). É necessário cozinhar o arroz e colocá-lo em um recipiente, que será depositado no local selecionado para a coleta. O ideal é que o processo seja feito em calhas de bambu ou em outro material orgânico.
- Quantas calhas usar? Quantas forem necessárias para suprir as necessidades de sua lavoura! É possível utilizar mais de uma calha por vez, realizando múltiplas coletas.
- Atraindo e proliferando microrganismos: Após preencher a calha com arroz, deposite o recipiente no solo. É importante que ele fique em contato direto com o solo e coberto com serapilheira (camada formada na mata com matéria orgânica: restos de folhas e plantas).
- Coletando o material: Após 15 dias é possível observar como ficou a captura de microrganismos. É natural que macroorganismos que degradam a matéria orgânica também estejam no recipiente. Você observará a colonização de microrganismos de variadas colorações, como vermelho, amarelo e laranja. Neste momento, já terá à disposição o material para produzir seu próprio composto.
Preparando a solução com microrganismos para o campo:
Você precisará:
-arroz com microrganismos coletados
– água
– açúcar mascavo ou melado
Modo de preparo
De simples preparo, solução pode auxiliar nas propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, garantindo boa produtividade
Após os 15 dias citados acima, é importante verificar a coloração do arroz. Em caso de manchas escuras neste, como o mofo, não é indicada a utilização. Colorações normais são amareladas, alaranjadas e em tons de vermelho.
O preparo é simples! Basta misturar o material coletado com a água e acrescentar uma fonte de energia para os microrganismos, para que eles sigam a reprodução.
Adicione cerca de 100g de açúcar mascavo ou melado por litro de água utilizado, colocando primeiro o arroz, depois o açúcar/melado e por último a água. O indicado é utilizar água que não é tratada e que não apresente traços de cloro, pois este mata os microrganismos.
Misture tudo e coloque em um recipiente que pode ser fechado, como uma garrafa pet. O importante é que o composto não tenha contato com o ar, já que a respiração se dá em ambiente anaeróbico.
Deixe o material fechado de dez a quinze dias. O arroz, açúcar e microrganismos passarão por processo de fermentação e estarão prontos quando não houver mais gás dentro do recipiente. Caso você abra e perceba que há gás, é indicativo que o ainda está ocorrendo o processo de fermentação e o composto precisa de mais tempo para estar pronto para uso.
O passo final é peneirar o conteúdo e retirar o arroz, que também pode ser usado no solo! Na lavoura existem várias formas de utilizar a solução. Ela pode ser usada no pré-plantio para recuperação de solo (em uma concentração de 20ml para 20l, que é o que cabe no pulverizados de água). Pode ser aplicada no solo e também para pulverizar as plantas, pois acaba sendo um fortificante.
Após preparada, a solução pode ser usada por muito tempo, pois os microrganismos não tem prazo de validade e seguem vivos para vivificar o solo.
Fonte e fotos: Epagri