Com as mudanças climáticas e as intempéries, muitos produtores de hortaliças tem migrado para o cultivo protegido, uma alternativa para fugir de chuvas, geadas, estiagem e altas temperaturas.
Uma das técnicas adotadas em cultivo protegido é a suplementação luminosa no interior do dossel das plantas com lâmpadas de LED. Na ESALQ – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz- , alunos do Grupo de Estudos e Práticas em Olericultura, orientados pela professora Simone Mello, estudam a eficiência dessa tecnologia em condições tropicais e subtropicais.
A professora Simone relata que essa técnica, conhecida como inter-lighting, é novidade no Brasil, utilizada até então apenas em países que se encontram em altas latitudes, como é o caso, por exemplo, de grande parte da Europa, Canadá e Japão, com a finalidade de aumentar a incidência da radiação fotossinteticamente ativa nos terços médio e inferior das plantas que são conduzidas na vertical.
O aumento na produção de frutos por essa técnica tem sido explicado principalmente pelo aumento da eficiência fotossintética da cultura pela distribuição vertical mais homogênea da luz no dossel.
Em avaliação
O estudo conduzido na estufa da ESALQ irá avaliar a eficácia e viabilidade da suplementação luminosa por meio da utilização de barras de LED posicionadas no interior do dossel das plantas de tomate, conduzidas com duas, três e quatro hastes. O primeiro experimento está sendo realizado em ambiente protegido climatizado, composto por sistema de resfriamento evaporativo pad&fan.
O cultivo das plantas leva substrato inerte e a nutrição é feita por meio de solução nutritiva aplicada via sistema de irrigação por gotejamento. As barras de LED, fornecidas em parceria com a empresa Philips, são compostas por 20% de LED’s azuis e 80% de LED’s vermelhos, que emitem 220 µmol de fótons por metro quadro e por segundo; têm 2,47 m de comprimento, 0,76 m de altura e 0,48 m de profundidade e durabilidade de 25.000 horas.
A explicação para essa combinação de cores é que os LED’s vermelhos e azuis emitem comprimentos de onda do espectro luminoso que são empregados no processo fotossintético, processo bioquímico essencial para o crescimento e desenvolvimento das plantas.
Outra vantagem do emprego de LED’s no cultivo protegido é sua baixa temperatura de operação (aproximadamente 25-35ºC), baixa tensão de operação e robustez física. “Uma das principais vantagens dessa tecnologia é poder complementar a radiação solar em regiões com menor incidência de luz ou poder iluminar partes da planta que recebem menor luz proveniente do sol pelo sombreamento, como é o caso do tomate. À medida que a planta vai se desenvolvendo, suas partes mais baixas recebem menos luz pelo sombreamento do topo da planta. Portanto, o uso de barras de LED colocadas na altura das partes da planta que recebem menos radiação pode aumentar a produtividade porque a planta irá realizar mais fotossíntese e produzir energia para a produção de frutos”, explica a docente.
Fonte: USP – Caio Albuquerque (30/09/2014)