O processo de cura é muito importante na manutenção da qualidade das cebolas após a colheita, sendo o principal processo nesta etapa. Convidamos os Coordenadores Técnicos de Vendas da ISLA Sementes Marcos Renan de Souza e Fernando Antônio Silva para esclarecer a importância desta técnica de manejo.
Marcos atua nas lavouras de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul e Fernando no Cerrado, em Minas Gerais, importantes regiões produtoras de cebola no Brasil.
Qual a função da cura?
A principal função é remover o excesso de umidade das camadas mais externas dos bulbos e das raízes antes do armazenamento. A formação de uma camada de catáfilos secos (escamas) ao redor do bulbo em decorrência da cura bem feita promove uma barreira eficiente contra a perda de água. Também há ação na redução de infecção microbiana e baixa brotação espontânea dos bulbos.
Para cura, os bulbos são dispostos lateralmente sobre os canteiros e ficam nestas condições por tempo suficiente até a desidratação das camadas mais externas dos bulbos.
A cura reduz significativamente as doenças de origem bacteriana e fúngica, aumentando a “vida de prateleira” do produto.
Os bulbos podem pegar sol diretamente?
É importante reduzir a incidência direta de luz solar sobre os bulbos, com as folhas de outras cebolas, evitando assim o surgimento de manchas esbranquiçadas nos bulbos, típicas de queimadura por sol. Os bulbos devem ser protegidos com as folhas das plantas vizinhas, como na imagem acima.
Em quanto tempo acontece a cura das cebolas?
Este período pode variar de 3 a 4 dias em uma região com clima quente e seco até períodos maiores, entre 15 a 20 dias, em regiões frias e de clima úmido.
Em regiões de clima extremamente seco a desidratação muito severa pode promover rachaduras nos bulbos, depreciando o produto final. Em locais mais úmidos, a cura pode levar mais tempo e, em algumas situações, podem acontecer incidência de podridões durante o armazenamento prolongado.
Segundo Fernando, nas lavouras de Minas Gerais alguns produtores fazem a colheita com uma máquina chapa, deixando a cebola curando na roça por cerca de quatro dias e em seguida já corta as folhas, ensaca e comercializa. Quando o mercado consumidor é mais exigente, é feita a cura manual, com mão-de-obra especializada, obtendo assim um produto final mais limpo e de melhor qualidade visual. Os produtores de maior nível tecnológico realizam a técnica de amontoa, reunindo 5 canteiros em um só, cobrindo os bulbos com as folhas.
Nas épocas chuvosas, é feita a cobertura dos canteiros de cura com lona, evitando o molhamento das cebolas.
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Quais as diferenças de cura no campo ou em galpões?
Na maioria das áreas cultivadas a cura é feita à campo e posteriormente levada ao armazenamento em galpões. No campo atinge condições satisfatórias em períodos de temperaturas ao redor de 24ºC e umidade relativa variando de 75 a 80%, o que garante o desenvolvimento satisfatório da coloração da casca.
Terminada a cura a campo, os bulbos devem ser transferidos para um local sombreado, sem incidência de luz solar direta, com temperatura entre 25 e 30ºC e umidade relativa variando entre 70 e 75%. Nestas condições, a cura é finalizada após 10 a 15 dias.
Já na cura em locais cobertos como galpões, as cebolas podem ser agrupadas em réstias e penduradas em ganchos, ficando suspensas. Nestas condições, a cura ocorrerá em intervalo de tempo similar ao do campo. Ainda neste caso, os bulbos podem ser curados com a aplicação de ar aquecido, que é insuflado através das réstias, contribuindo para uma secagem mais rápida das camadas mais externas.
A cura é considerada completa quando o pescoço do bulbo estiver seco, além de toda casca com boa coloração.
As boas condições no armazenamento também são importantes para evitar perdas de produto. Alguns produtores já fazem uso de secadores e ventiladores nos galpões, regulando as condições de armazenagem e mantendo a qualidade da cebola por mais tempo. O controle de umidade durante esta etapa é crucial, pois em locais onde há alta umidade aumenta o risco de ocorrência de doenças fúngicas.
Confira mais sobre esta técnica neste guia da Embrapa Hortaliças.