O Sistema de Plantio Direito (SPD), muito utilizado na produção de grãos, traz inúmeros benefícios aos produtores rurais, podendo ter impactos extremamente positivos para os horticultores. A ferramenta é essencial para a obtenção de sistemas produtivos mais sustentáveis, que além de preservarem o meio em que são desenvolvidas as culturas, garantem também a qualidade dos solos, e, consequentemente, dos alimentos.
Hoje o plantio direto de hortaliças ocupa atualmente cerca de 50% da área do tomate para processamento, 20% de abóbora híbrida e 10% de cebola no país. Mas em geral, a produção de hortaliças é uma atividade intensiva, com sistemas de produção baseados em frequente mecanização e utilização de insumos. Além disso, em muitas regiões de produção de olerícolas, os processos erosivos e o esgotamento dos recursos naturais são alarmantes. Aliado a este cenário, está o agravamento dos problemas fitossanitários decorrentes de um ciclo de empobrecimento crescente dos solos.
Produção de folhosas em Sistema de Plantio Direto
Integrando os métodos conservacionistas de solo, o Sistema de Plantio Direto em Hortaliças (SPDH) é capaz de reverter esse cenário, tornando o solo mais produtivo e proporcionando significativos resultados ao longo dos anos. O sistema segue três princípios básicos: o revolvimento localizado do solo (restrito às covas ou sulcos de plantio); a diversificação de espécies pela rotação de culturas (com a inclusão de plantas de cobertura para produção de palhada); e a cobertura permanente do solo.
O SPDH tem importante papel na redução da temperatura do solo, dos processos erosivos e da necessidade de uso de agrotóxicos, garantindo também a manutenção de maior umidade (sem promover o acúmulo excessivo de água). E estes fatores mostram o poder dele de promover a adaptação dos sistemas produtivos agrícolas aos impactos das mudanças ambientais em curso, especialmente aquelas relacionadas ao clima. Além disso, o sistema de plantio direto promove o aumento nos estoques de carbono do solo e a possível redução das emissões de gases de efeito estufa, o que o torna uma importante ferramenta de mitigação das mudanças climáticas globais.
Veja a diferença entre um solo tradicional e um solo após SPDH:
No vídeo a professora Amanda Posselt Martins, especialista em solos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), apresenta a diferença entre a qualidade dos solos. Para saber mais sobre como tornar os solos produtivos fazendo uso de boas práticas agrícolas, não deixe de conferir essa lista de vídeos!
Conheça os benefícios:
– Em função da preservação ou recuperação da qualidade do solo, os níveis de adubação têm sido diminuídos sem prejuízo na produtividade de lavouras;
– Redução nas enxurradas em torno de 90%;
– Redução nas perdas de solo em torno de 70%, minimizando processos erosivos;
– Economia de água em culturas irrigadas em até 30%;
– Diminuição na mecanização em até 75%;
– Regulação térmica proporcionada pela palhada com redução dos extremos de temperatura em até 10ºC na superfície do solo;
– Incremento nos teores de matéria orgânica e maior ação biológica de minhocas e outros organismos;
-Menor dispersão de doenças, pelo não revolvimento do solo e redução de enxurradas e respingos;
– Redução nas capinas
Cuidados para garantir bons resultados no SPDH
Solo após SPDH (esquerda) e solo sem implementação de SPDH (direita)
Para a adoção do SPDH, deve-se considerar que em geral as hortaliças não proporcionam resíduos de palhada em quantidade adequada à manutenção do sistema, devendo-se incluir plantas de cobertura na sucessão de cultivos com as hortaliças. Plantas de cobertura são espécies com elevado potencial de produção de matéria seca e com profundo e vigoroso sistema radicular, que têm a capacidade de reciclar nutrientes e de, após sua decomposição, tornar o solo leve e poroso, promovendo bom enraizamento do cultivo subsequente. Sugere-se como planta de cobertura o uso de gramíneas ou de leguminosas. Preferencialmente de gramíneas consorciadas a leguminosas e outras espécies.
Semeadura em SPDH na propriedade do horticultor Elton Bobsion, em Maquiné-RS
Após o manejo das plantas de cobertura (por trituração, corte, acamamento e/ou dessecação), efetua-se o semeio ou o transplante de mudas das hortaliças. E é necessário ajustar o manejo da irrigação (considerando o efeito da palhada sobre o solo) e da adubação (considerando a decomposição dos restos culturais das plantas de cobertura).
É fundamental que o SPDH deve receber ajustes conforme as realidades locais de cada produtor, podendo ser desenvolvido nos mais diversos ambientes!
Quer saber mais sobre o Sistema de Plantio Direto de Hortaliças? Não deixe de conferir esta matéria!
Fonte: Embrapa Hortaliças