Negócios regenerativos na horticultura

Para quem deseja otimizar recursos e insumos na produção, a horticultura regenerativa é um prato cheio. Além disso, também é uma forma de produzir alimentos enquanto restaura ecossistemas e fortalece as comunidades.

Entre as técnicas utilizadas estão a rotação de culturas, a incorporação de adubos orgânicos, o cultivo de plantas de cobertura e a compostagem, por exemplo.

Ao promover a saúde do solo, é natural que também haja melhorias na produção de culturas, reduzindo a necessidade de insumos químicos, por exemplo. Além disso, através desta forma de produção, parte da biodiversidade é preservada, promovendo habitats naturais para insetos, pássaros e outras espécies.

Esta forma de produção tem ganhado popularidade entre os agricultores, consumidores e ambientalistas, que buscam uma alternativa sustentável e saudável para sua atuação, independente da escala, desde pequenas hortas urbanas até grandes propriedades agrícolas.

Apesar de ser uma prática relativamente recente, já existem alguns produtores e referências sobre negócios regenerativos no país. Algumas dessas referências incluem:

  • Sítio do Moinho: localizado em Mairiporã, São Paulo, o Sítio do Moinho é um exemplo de produção regenerativa no Brasil. A propriedade produz alimentos orgânicos e biodinâmicos por meio de práticas regenerativas, como a agrofloresta e a compostagem.
  • Fazenda da Toca: localizada em Itirapina, São Paulo, a Fazenda da Toca é uma referência em produção orgânica e regenerativa no Brasil. A propriedade é conhecida por sua produção de ovos orgânicos e por suas práticas sustentáveis, como a rotação de culturas e a utilização de adubos orgânicos.
  • Instituto Auá: localizado em Piracaia, São Paulo, o Instituto Auá é uma organização sem fins lucrativos que promove a agroecologia e a horticultura regenerativa. A organização trabalha com comunidades rurais e urbanas para promover práticas de produção sustentáveis e regenerativas.

Além desses exemplos, há uma crescente comunidade de produtores e consumidores de alimentos orgânicos e regenerativos no Brasil, que estão promovendo práticas mais sustentáveis e saudáveis de produção de alimentos. 

Conversamos com Viviane Noda, entusiasta de negócios regenerativos relacionados à produção de alimentos e mais.

Acompanhe a entrevista:

CH: O que são os negócios regenerativos e como você percebe este movimento atualmente?

Viviane Noda: A palavra regenerar significa “tornar a dar a vida ou vitalidade; revivificar”. A regeneração é o olhar otimista sobre o que podemos fazer a partir do presente momento para focarmos em como agir daqui para frente.

Agora falando mais especificamente de negócios, se por um lado temos as ONGs que se mantêm por meio de doações  e resolvem problemas socioambientais, por outro lado, temos as empresas tradicionais que têm como objetivo gerar lucro sem ter qualquer conexão com a qualidade de vida das pessoas ao redor. Os negócios regenerativos são esse meio do caminho. A grande pergunta é: Como geramos lucro ao mesmo tempo em que incorporamos ações ecológicas seja do bairro, da cidade ou do mundo?

Não existe um negócio ou uma pessoa 100% regenerativa, existe a missão de tornar os processos cada vez mais eficientes e condizentes com a restauração ambiental e incentivando a igualdade social. Ao caminhar pela restauração das culturas, vidas, florestas e conexões, percebo que se torna interesse cada vez maior de quem toma consciência da bifurcação que estamos hoje.

O perfil de quem busca regeneração é majoritariamente mulher, normalmente certa de si sobre seu propósito, mas ainda com dificuldades sobre como transformar suas ideias em negócios rentáveis e como comunicar a proposta de valor para o consumidor.

CH: Há quanto tempo você se aproximou deste tema e quais as motivações? Pode contar um pouco da sua trajetória?

Viviane Noda: Em 2014, no final da faculdade, percebi que as consequências das nossas ações como sociedade afetam diretamente o funcionamento do planeta, ou seja, somos os principais responsáveis pelo desequilíbrio, reduzindo a quantidade de vidas selvagens desde os polinizadores até os grandes mamíferos. Esse foi o primeiro baque. Saber que as abelhas estão sumindo quer dizer que nossa alimentação pode estar em risco.

Recém formada em marketing, coloquei na cabeça que queria procurar essas pessoas que faziam diferença positiva onde moravam para divulgar os seus trabalhos com a finalidade de inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo.

Morei por um ano em uma Fiorino mapeando e rodando o Brasil em busca de iniciativas regenerativas e aproveitando as oportunidades para colocar a mão na terra, descobrir plantas comestíveis, técnicas de plantio, e ideias de irrigação que reduzem desperdícios.

Além de iniciativas agrícolas, também pesquisei por temas correlacionados como: bioarquitetura, educação, tecnologia, modelos de negócios, medicina, e permacultura. Documentei, entrevistei, compartilhei conhecimentos, ofereci mentorias de planejamento e comunicação em troca de práticas que me tornaram quem sou hoje.

CH: Quais suas dicas para quem planeja adotar as práticas regenerativas em uma produção de hortaliças?

Viviane Noda: O primeiro passo é conversar com a família sobre as alternativas ao uso de produtos sintéticos na própria saúde e no solo, aliás, infelizmente, por muitos lugares onde passei, os produtores optaram pela transição à agricultura orgânica somente após passar por alguma situação de contaminação nas lavouras.

O segundo passo é elaborar um planejamento para diminuir o custo de mudança, tanto com investimento em conhecimento técnico, quanto de maquinários e insumos.

A permacultura Sugiro pesquisar sobre permacultura, um conjunto de práticas que surgiu na Austrália e direciona para o design de uma área se tornar mais eficiente e ecológico desde sua casa, cozinha, até criação de animais, captação de água, energia e claro, agricultura.

Já na agricultura, temos estudos e exemplos brasileiros nos conceitos de agricultura orgânica, agrofloresta e agroecologia, vale a pena procurar por especialistas que compartilham aulas na internet, principalmente por aqueles que trabalham no mesmo bioma que a pessoa interessada.

A implementação de práticas regenerativas é uma constante.

CH: Quais são os fundamentos de um negócio regenerativo?

Viviane Noda: Costumo dizer para as pessoas que um negócio regenerativo segue o mesmo princípio de quando vamos visitar uma amiga e queremos que essa visita seja agregadora. Visita boa é aquela que leva um presente funcional ou que colabora com uma faxina, cuidar dos filhos, bota a mão na massa na horta ou ajuda a pintar uma parede. Ou seja, sua passagem por ali deixou o lugar melhor do que quando chegou.

O objetivo de um negócio regenerativo é o mesmo, é ter como missão incorporar o processo de reviver seu arredor. Não é uma questão de ser ou não ser, e sim, um caminho a perseguir.

Viviane Noda, há 9 anos atuante nos negócios regenerativos.

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