O aumento da incidência de pragas e viroses associadas às culturas do tomate, pimentão, morango e alface produzidos no Distrito Federal tem gerado enormes prejuízos às cadeias produtivas da região e preocupado os setores envolvidos, principalmente em relação à eficiência de controle e ao aumento nos custos de produção resultantes do manejo tradicional dessas pragas.
Esse cenário crítico na produção de hortaliças do DF foi a mola propulsora para o projeto “Promoção do Manejo Integrado de Pragas na Produção de Hortaliças do Distrito Federal”, que visa resgatar a adoção das boas práticas agrícolas direcionadas ao manejo de pragas.
“A adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP) permite a identificação correta das pragas – insetos e ácaros – que infestam a lavoura, assim como o reconhecimento dos inimigos naturais que contribuem efetivamente para o controle natural das pragas-alvo constituem parte dos alicerces que dão sustentação ao MIP. E, ainda, preconiza a inspeção periódica do cultivo para evitar o calendário de pulverizações de agrotóxicos, já que, muitas vezes, os agricultores aplicam produtos sem saber se a praga está presente no cultivo ou se sua infestação pode levar a alguma perda financeira”, explica o pesquisador da área de Entomologia da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF) Miguel Michereff Filho.
Entre as linhas de argumentação defendidas pelo pesquisador destaca-se a importância do MIP frente à questão do uso excessivo de agrotóxicos pelos produtores para controle de pragas. “Os cultivos de tomate, pimentão, morango e alface são alvos de aplicações abusivas de agrotóxicos, ações equivocadas que têm resultado em sérios problemas, a começar pela saúde do trabalhador rural, mas que são extensivos ao meio ambiente”, observa Michereff. “Sem esquecer os efeitos sobre os consumidores dos alimentos, que também podem ser expostos a níveis de resíduos tóxicos acima do limite tolerável”, acrescenta.
Boas práticas
O MIP pressupõe a associação de dois ou mais métodos de controle, não somente o controle químico – quando se adota diversas práticas, compatíveis entre si, criam-se várias frentes de controle e, ao longo do tempo, a eficiência aumenta ao passo que o problema fitossanitário se reduz. Há, inclusive, diversos registros de reduções entre 40 e 50% no uso de inseticidas e acaricidas em diferentes hortaliças, como resultado da adoção do MIP no Brasil.
Para Michereff, até que o processo de educação e conscientização da cadeia produtiva de hortaliças no DF incorpore o MIP e a relevância do controle biológico na sua rotina de trabalho, tornam-se necessários novos esforços por parte dos pesquisadores, técnicos, educadores e agricultores para promovê-los. “Para as mudanças almejadas nos sistemas produtivos de hortaliças da região, é fundamental a formação de uma rede de agentes multiplicadores em conhecimentos e tecnologias aplicadas ao MIP, com foco no controle biológico de pragas”, sentencia o pesquisador.
Cursos de capacitação
Promover a capacitação de agentes multiplicadores foi o caminho escolhido para difundir a tecnologia nas áreas de produção. Nesse sentido, e seguindo as etapas estabelecidas no corpo do projeto, estão sendo oferecidos cursos a técnicos da Extensão Rural, produtores de hortaliças e a estudantes de Agronomia e de Curso Técnico em Agropecuária. “Manejo Integrado de Pragas em tomate e pimentão” e “Manejo Integrado de Pragas na cultura do morangueiro” foram os primeiros cursos de capacitação, promovidos nos meses de maio e junho últimos, respectivamente.
Os próximos cursos sobre MIP estão previstos para os demais meses do ano, contemplando todas as culturas incluídas “na zona de risco”. A previsão é de que, até o final do projeto, em abril de 2020, deverão ser capacitados, pelo menos, 150 agentes multiplicadores.
O projeto é realizado em cooperação técnica com a Emater/DF e com financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF).
Fonte: Embrapa Hortaliças