Segundo artigo publicado pela Revista Campo e Negócios, a cultura do tomate movimenta o maior volume de produção dentro da horticultura brasileira. De acordo com a publicação, foram cultivados mais de 43 mil hectares de tomate de mesa no país, movimentando um valor superior a R$ 9 bilhões em 2018.
A produção de tomates de mesa ainda é incipiente se comparada ao tamanho do mercado em outros países. Isso significa que existe ainda muito espaço para ser conquistado e possibilidades de crescimento através do estímulo de consumo perante a população.
Diferente do tomate produzido para fins industriais, o tomate de mesa exige alguns tratos culturais, em especial o tutoramento. Conversamos com Cristhofer Cruz, CTV Sul na ISLA Sementes, sobre as diferentes formas de tutoramento praticadas no cenário da horticultura brasileira. Confira!
Tutoramento
O Tutoramento é uma prática essencial na produção de tomates de mesa, quando as plantas têm crescimento indeterminado, favorecendo a circulação de ar entre as plantas, evitando a infestação de fungos, reduzindo o stress, aumentando a produtividade da planta e sanidade dos frutos.
Existem diversas possibilidades de tutoramento para cultivo de tomates. Conforme explica Cristhofer, o produtor pode definir qual a melhor alternativa levando em conta a equipe disponível, sua capacidade de reproduzir a técnica em larga escala e os custos envolvidos.
Tutoramento com fitilho ou arame
Essa técnica consiste em uma fita ou arame disposto horizontalmente sobre a fileira de tomates com altura podendo variar entre 1,80m ou 2m. As plantas serão amarradas com o fitilhos verticais que por sua vez serão sustentados pelo arame horizontal.
De acordo com Cristhofer, essa técnica de tutoramento em campo aberto não é ideal para tomates indeterminados. Essas são plantas que carregam mais e podem arrebentar os fitilhos com a ação do vento e da chuva.
Em pesquisa realizada pela UFV, foi possível constatar que o tutoramento vertical conduzido por fitilho favoreceu o desenvolvimento de frutos de tamanho grande e diminuiu a produção de frutos de tamanho médio em comparação ao tutoramento cerca cruzada. Os autores do estudo acreditam que a maior insolação e ventilação proporcionada a produção foram os fatores responsáveis por esse resultado.
Tutoramento com estaca individual
Nessa forma de tutoramento, uma estaca roliça de aproximadamente 2,30m é cortada e fincada no solo, próximo a planta, que é amarrada nessas estacas. Esse método é o que envolve menos custo para o produtor, no entanto dificulta o manejo e controle de pragas, pois a planta se torna bastante adensada.
Tutoramento em cerca cruzada
É um sistema simples e tradicional que consiste em dispor estacas de bambu apoiadas sobre um fio de arame bem esticado de ponta a ponta, conforme imagem abaixo:
“O Tutoramento em cerca cruzada é o mais utilizado no Brasil para tomates em campo aberto. A principal vantagem é que ele proporciona a melhora da ventilação nos corredores e pulverização mais efetiva em cima das plantas, que ficam mais abertas, se o espaçamento estiver correto. O espaçamento correto deve levar em conta o enfolhamento de cada híbrido. Uma variedade que produz mais folhas vai precisar de mais espaço” aponta Cristhofer.
Tomates rasteiros e semi determinado: mulching ou palhada
Já as variedades de tomate rasteiro podem ser protegidas de agentes causadores de doenças e infecções fúngicas com o auxílio de mulching ou cobertura vegetal do solo:
A produção com mulching elimina a necessidade de capina e otimiza a absorção da fertirrigação, pois uma vez que os nutrientes evaporam e se condensam no plástico, eles voltam a cair no solo. Essa técnica só não é recomendada para produção em regiões chuvosas, onde a umidade acumulada no mulching pode prejudicar o desenvolvimento radicular das plantas.
A palhada por sua vez oferece proteção ao solo e aos frutos, contribuindo para a manutenção da fauna microbiótica, além de proteger os frutos de sujeira.
Tomates determinados: meia estaca
Neste método são utilizados mourões de madeira e hastes de fibra ou bambu com cerca de 1,30m de altura. Em seguida, passa-se um fio de arame a 0,40 e 0,50m do solo, conforme imagem abaixo:
“Os tomates determinados utilizam meia estaca pois são materiais mais baixos, não tem tanto volume de área foliar e tem uma produção um pouco mais reduzida em função do ciclo ser mais rápido. Eles contam com um sistema de pencas mais concentradas, mais próximas umas das outras, concentrando ainda mais a colheita. Dessa forma, esse tipo de material é melhor conduzido em meia estaca” garante Cristhofer.
Tutoramento de tomates em cultivo protegido
O cultivo protegido de tomate, embora demande um maior investimento inicial, pode proporcionar o desenvolvimento da lavoura em todos os momentos do ano. Nas regiões Sul e Sudeste é empregado no inverno, evitando os efeitos das temperaturas mais frias e das geadas. Já no verão, a estufa garante proteção das chuvas e da ação direta dos raios solares.
Tutoramento com fitilho em estufa
A condução com fitilho em cultivo protegido favorece a condução das hastes, facilita o grampeio dos brotos, melhora a eficácia da pulverização e torna o espaço mais limpo. Existe também a vantagem do fitilho não se desgastar com os efeitos de sol e chuva, aumentando seu tempo de duração.
Tutoramento em Carrossel Holandês
O sistema de tutoramento conhecido como carrossel holandês pode garantir longevidade e aumento da produtividade. Essa condução específica consiste em um arame na horizontal, acima das fileiras de tomate, com altura de 1,70 a 2m. As plantas então são trançadas com fitilho, que será preso em cima, no arame. A medida que a planta cresce, é preciso soltar o fitilho, envolver a nova parte da planta nele e prender o fitilho no arame, desta vez um pouco mais pra frente. A principal vantagem do sistema carrossel é que ele proporciona longevidade de produção. É possível ficar mais tempo com a planta dentro da estufa, possibilitando ainda mais que ela expresse plenamente seu potencial produtivo.
“Isso acontece por que, no sistema Carrossel, o produtor precisa baixar todos os pés, retirar todas as folhas, retirar a penca que já deu frutos. Essa limpeza diminui a quantidade de insetos, melhora a pulverização, pois não temos mais folhas velhas para alimentar insetos, fungos ou bactérias, pois o pé está sempre limpo. Dessa forma temos uma planta que produz por muito mais tempo” garante Cristhofer.
Quer saber mais sobre Carrossel Holandês? Você pode conferir mais detalhes na publicação que fizemos somente sobre essa forma de condução.
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Fontes: https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/tomate/arvore/CONT000fa2qor2r02wx5eo01xezlshcwkfx5.html
Antonio C. A. Quaesner
Materia espetacular…
canaldohorticultor
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