A produção de alimentos exige boas práticas no manejo e condução das plantas. Em cultivo protegido é possível controlar a presença de insetos transmissores de doenças como mosca-branca, cigarrinhas, percevejos, entre outros. Mas em alguns casos é preciso contar com estratégias de controle destes insetos-praga.
Uma das formas mais recentes de controle é através de armadilhas, iscas, feromônios e outras técnicas de controle biológico.
Conversamos com a Camila Vargas, Diretora da BioIn Biotecnologia que nos esclareceu vários pontos sobre o tema. Confira:
Quais as vantagens do controle biológico?
As vantagens do controle biológico são muitas. Através do uso destas ferramentas é possível controlar as pragas de forma eficiente e sustentável. Ao contrário de algumas moléculas do controle convencional, as ferramentas biológicas não causam resistência na praga, reduzindo o risco de surtos populacionais.
Ferramentas de controle biológico são aprovadas para uso da agricultura orgânica. Assim o número de ferramentas de manejo de pragas para estes agricultores aumenta, favorecendo este tipo de produção. Além disso é cada vez maior o uso na horticultura convencional, complementar com outras técnicas de manejo e como ferramenta importante na diminuição do uso de defensivos químicos.
O controle biológico pode ser feito consorciado com outras medidas de controle, como uso de cultivares resistentes e tolerantes às pragas, rotação de culturas, etc.
Como realizar um bom monitoramento?
O monitoramento deve ser realizado na safra e entressafra. Na safra o monitoramento se inicia como preparo do solo. É importante saber quais as pragas estão presentes na área antes mesmo do transplante das mudas. Após este, o monitoramento deve ser umas das prioridades. A revisão de métodos de monitoramento com armadilhas e a avaliação visual deve ser realizada, no mínimo, uma vez por semana. Se o produtor conseguir realizar esse monitoramento mais vezes, maior será o índice de precisão no manejo. Integrar métodos também é uma forma eficaz de monitorar. Utilizar diferentes tipos de armadilhas e avaliações visuais detectam um maior número de pragas e permitem uma análise mais completa. Já na entressafra, a intensidade do monitoramento pode ser reduzida. O ideal é manter algumas armadilhas de captura na área, a fim de avaliar a presença de insetos-praga. Assim, é possível verificar sua flutuação populacional ao longo de todo o período.
Armadilha adesiva funciona?
Sim, a armadilha adesiva na cor amarela é uma excelente forma de monitoramento. A coloração amarela é atrativa para os insetos, por isso, é uma ferramenta efetiva em sua captura.
As cartelas adesivas amarelas são recomendadas para monitoramento de insetos como mosca branca, minadora, espécies de pulgões e outros insetos considerados de voo leve. Sua utilização permite identificar o momento exato da chegada dos primeiros adultos na lavoura e a localização dos focos de infestação.
Pensando em controlar estes insetos, além do monitoramento, também é possível construir as próprias armadilhas, com cola adesiva amarela, como nesta imagem. A cada semana as armadilhas devem ser revisadas e caso necessário, aplicar a cola novamente, para seguir funcional na captura dos insetos.
Quais os principais insetos utilizados no controle biológico atualmente?
Adalia bipuntacta e outras espécies, que se alimentam de pulgões e cochinilhas, são consideradas inseto-símbolo do controle biológico, principalmente em ambientes urbanos e hortas domésticas. Mas o número de espécies que podemos que atuam no controle biológico é enorme. Aqui podemos citar as que já possuem liberação de comercialização no Brasil: parasitoides Trichogramma pretiosum, Telenomus podisi e Cotesia flavipes. Além do Orius insidiosus, um predador de diversas espécies de pragas.
Na Bélgica, por exemplo, há maior diversidade de insetos utilizados no controle biológico, como vemos na imagem abaixo.
Qual a importância da tecnologia neste mercado?
A tecnologia de monitoramento e controle biológico é fundamental para o desenvolvimento da agricultura sustentável. Através destas ferramentas, o produtor adquire mais autonomia nas decisões de manejo e controle. É importante que os produtores estejam atentos às movimentações do mercado para adequarem suas produções. O mercado consumidor mudou e agora existe uma grande demanda por alimentos seguros, com origem e manejo adequados. Técnicas de monitoramento e controle biológico são aliados dos produtores para agregar valor aos seus produtos.
Para quais pragas são usados feromônios no controle?
Atualmente existem feromônios para algumas pragas que atacam culturas de ambiente protegido e lavouras. Os mais utilizados são para a traça-do-tomateiro (Tuta absoluta), lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), lagarta falsa-medideira (Pseudoplusia includens) e mariposa oriental (Grapholita molesta).
Para cada praga existem diferentes formas de controle. Confira estas matérias relacionadas:
Pollyrubens
Gostaria de saber cê a algum atrativo para a Tuta absoluta caseiro
Vania
O controle químico é a prática mais utilizada por agricultores. Recomenda-se utilizar os produtos registrados para o controle da praga – consultar o AGROFIT. As pulverizações devem ser iniciadas quando o inseto for constatado na área.
Já para o controle caseiro, podem ser usadas plantas com efeito inseticida, como fumo em corda, óleo de neem, tagetes, entre outras.